quinta-feira

Contar ou não contar ao parceiro sexual?

Leia também  "Contar ou não contar ao parceiro sexual? Parte 2" - É muiiito melhor!!!! (comentário adicionado em abril de 2012)

Ontem estava pesquisando alguns blogs na internet que abordassem sobre o tema, ou mesmo que fossem escritos por outros soropositivos. Essa foi a dica de meu amigo Cris, último a saber de minha soropositividade e um blogueiro bem popular. Obviamente segui a dica e nessa conheci o fofo do Jovem Soropositivo. O cara possui o melhor blog que já li sobre a temática e já é bastante popular em pouco tempo de existência. Muito ético e inteligente, seu blog possui muitas novidades sobre HIV/AIDS e, assim como eu, também descobriu há pouco tempo. Logo ele estará lançando um livro e indo no Jô. Pena que é hetero. rs
Lendo suas postagens comecei a refletir sobre uma questão: contar ou não contar sobre a soropositividade para o parceiro antes da relação sexual? A princípio a resposta é clara e óbvia: SIM!  Essa sem dúvida seria a forma mais ética de alertar sobre algum possível risco (camisinha estourar, por exemplo).  Confesso que após ler o post do JS fiquei balançado e isso afetou meu desempenho sexual ontem com um gringo. O sexo foi ótimo, a camisinha não estourou, mas fiquei com uma sensação de culpa por omissão.
Acho que a relação que eu tenho com meus parceiros sexuais é superficial e muitas vezes só sexo Express e não passa de algumas horas. Promiscuidade? Pode ser! Gosto de sexo assim, embora esteja muito carente de alguém. Como o Cris falou eu sou “carne de osso” e realmente para mim é difícil entrar numa relação.  Na verdade acho os meninos não me suportam por muito tempo. É muita demanda! Para os fãs de Dra. Moral, a minha promiscuidade não é a culpada pela minha contaminação. Cada dia estou mais certo de minha hipótese de Joselito... talvez uma intuição.      
Pois bem, demorei pra voltar a ter relações sexuais depois do diagnóstico, mas resolvi não me ver mais como uma espécie de vírus ambulante. Certamente preconceito, estereótipo, discriminação, rejeição existem e vão além de minha vontade. Do contrario não seria anônimos, correto? Espero poder vencer essa barreira e criar estratégias para lidar com isso podendo, assim, me assumir soropositivo. Enquanto isso continuarei me relacionando sexualmente com pessoas (nunca curti essa onda de zoofilia) mantendo em sigilo minha condição, especialmente se essa pessoa for da cidade em que eu nasci. A camisinha é um compromisso ético para minha eternidade. E se ela estourar? Terei que contar para que o parceiro faça a profilaxia. Não acho que essa seja a forma mais correta, e concordo com o fofo do JS, mas não estou disposto a passar por mais problemas do que já venho passado. E definitivamente, essa não é uma escolha pessoal,  mas uma forma que encontrei de me esquivar dos preconceitos que eu possa vir a sofrer. Espero poder vencer essa barreira e criar estratégias para lidar com isso podendo, assim, me assumir soropositivo. Infelizmente não visualizo esse dia. Por enquanto não conto não.


20 comentários:

Anônimo disse...

Eu concordo, super concordo...

Ética de fato é uma expressão muito controversa, daquelas que parecem mais esconder conceitos do que revelar...

De fato acho que ético e necessário é vc usar preservativo e comunicar ao seu parceiro no caso da camisinha estourar. Todo o resto tem a ver com o momento que vc está e principalmente a natureza da sua relação.

O dono desse blog, por exemplo... Acaba de descobrir, naturalmente se sente atordoado, perdido e ainda não tem muita noção do rumo que as coisas vão tomar daqui pra frente. Daí ele escolhe cinco amigos a dedo... Aliás, minto... Alguns amigos ele escolheu, outros quem escolheu foi a vida, por que surgiam em momentos de pânico e desespero e ai ele falou.... Beleza... Esse cara vai, começa a sair com um carinha e opa... Com uma semana ele fala daquilo que não foi dividido com sua família, a maioria de seus amigos, as pessoas que convivem e gostam dele... Peraí cara-pálida tem algo de errado nisso...

A natureza dessa relação é ainda mais fundamental, por que não tem MENOR SENTIDO, vc conhecer um cara na rave da beira da praia, se afastar pra um cantinho, baixar sua cuequinha e falar: Olha só, sou soropositivo Ok???

Mesmo por que ninguém faz isso... Entendam do que falo... Vc e o blogueiro em questão são soropositivos e daí passam a enxergar o mundo desse referencial.. Beleza.... Eu não sou (até onde sei) e do meu referencial que não vê o mundo dividido entre soropositivos e soronegativos eu digo que NINGUÉM AO ENTRAR EM QUALQUER ESPÉCIE DE RELAÇÃO FALA TODOS OS RISCOS QUE O OUTRO CORRE.... Pk sempre há riscos...

Então nego acaba de conhecer um sujeito e ainda na primeira fase do processo deve falar coisas do tipo: “olha, vc tah numa relação comigo, mas cuidado posso te chifrar pk sempre fui infiel”... “olha na minha última briga antes de terminar meu último namoro cheguei a agressão física, fica ligado, hein???”... “olha eu tenho um ex, que já ameaçou dois carinhas que fiquei”... E por ai vai... Isso que quero dizer com “ng faz isso”... Ng manda a pala toda quando tah num processo de conquista... Pk que com HIV seria diferente????

Tudo bem que vc queira de repente ir falando pra alguém que te interessea por sentir receio a cerca de alguma rejeição, mas transformar isso numa obrigação ética.. Desculpa, mas não acho que seja por ai.

Não tenho mais 15 anos e n acho que as coisas sejam tão simplistas assim... A realidade está cheia de omissões e é assim desde que mundo é mundo. O outro é sempre um risco e cada um que arque com os seus. Não estou falando em contaminar ng deliberadamente, estou falando em ter o sagrado direito de falar pra quem eu acho que devo algo que é absolutamente íntimo.

Sartre dizia que se o outro é um risco tb é a nossa única escolha... Precisamos conviver, mesmo com todas as possibilidades presentes no exercício da convivência. Não acho que devo avaliar e me responsabilizar pelos riscos do outro, mesmo os que me inclui, afinal vou transar com um cara adulto, autônomo e que espero que saiba dos riscos que estão presentes em qq relação sexual.

Do contrario nunca poderia fazer o sexo na beira da praia como exemplifiquei ai em cima, afinal estou expondo o outro a um risco... Ai vc vai me dizer: Não, nesse caso ele sabe do risco que tah correndo!!!! Será, que sabe??? Não sei.. Eu não sei o teor alcoólico dele, eu não sei se ele sabe o real perigo do lugar que ele está, eu não sei se ele sabe que pode ser acusado pro atentado ao pudor... Bem... Eu não sei o quão consciente ele está, só sei que é adulto, eu tb e isso basta... No momento que vou pra beira da praia trepar com um cara sei que posso ser assaltado, morto, estuprado e o diabo.... E tb sei que o cara pode ser soropositivo ou não. A escolha é minha e essa possibilidade é tudo de informação q de fato preciso pra julgar se vou ou não e tomar os devidos cuidados.

Alguem por ai disse...

Muito lindo amigo! Concordo com cada palavra sua!

Madaleno Convertido Pelo HIV disse...

Bom...
Também descobri que sou soropositivo há pouquíssimo tempo (2 meses e já tive que ir começando o tratamento), também sou gay, também estou encalhado e também já fiz muita putaria na vida (não contraí o HIV rezando, digamos...).

Primeiro ao anônimo, convenhamos que alertar que o risco de "levar um chifre" ou "um ex-namorado ciumento" não é exatamente a mesma coisa que contrair um vírus que ainda pode matar... E, talvez pior que matar, é causar todo esse fricote que o autor desse blog está passando (fri-co-te... né, bee?).

Ao autor do blog,
andei lendo os posts anteriores... Uma hora é "Ai, tenho medo de morrer!", outra é "Ai, quero me matar porque tenho o HIV"... Mona! Se decide!
Querendo morrer, é só continuar levando a vida que você está levando... Por que, né?

Agora... Comigo funcionou assim... Eu tive que deixar de ser egoísta (ui!). Pois é, bee. A vida muda depois do HIV, querendo ou não.
Coloquei na balança: dum lado a minha vida de puto inconsequente (fodi com meio mundo de homem... muitas vezes de uma vez só, kkkk) e do outro...
Bem, do outro, né? Minha mãe. Ela também não sabe. Ela também me apoiou quando eu disse que era gay. E, bom, ela não me fez prometer não contrair o HIV, mas confesso que eu senti um puta de um sentimento de culpa na hora...
Por ela, por meus amigos, por outros familiares e por mim também (afinal, eu tenho outros planos na vida além de sair fudendo feito louco por aí...), resolvi que é melhor me cuidar.
E dentro do conceito "se cuidar", eu tive que reestruturar a minha vida e as minhas prioridades. Chupar um desconhecido na praia agora está COMPLETAMENTE FORA DE COGITAÇÃO (sorry, dear).
E se a gente for cortar as fodas ocasionais e começar a pensar em relacionamentos sérios, é claro que contar sobre o HIV está sim em pauta. E, de preferência, antes da primeira foda. Só lembrando que nesse mundo de "felizes para sempre" nem rola achar um gostosão-à-la-amor-da-minha-vida, pegar outro no banheiro e culpar a vodka (Oi? O que a katchaça tem com isso?), como você descreveu no post anterior. [Eu mesmo, prá lá de bêbado, teria terminado o serviço com o gostosão... Se desse tempo, voltava pra pegar o do banheiro, kkk... Ora essa, bêbado sim, burro, jamais! Bom, mas isso também era antes]
Ai, ai... Foco. Bom, o que eu quero mesmo dizer é que não vai dar pra você continuar levando a mesma vida de antes. A coisa realmente muda. De certa forma, é um chamado para ser responsável daqui pra frente. E quer saber? Nem dói, bee... Em mim, doeu menos que os DPs que eu fiz (censuradíssimo para menores essa última frase).
Mas é aquela coisa... Não se sinta forçado em mudar o seu estilo de vida. A gente sempre tem opção, não é mesmo?
Aqui é: ou você toma vergonha na cara ou você morre. E morre com cara de aidético, que é uó. Simples assim. Bom, pra mim foi facílimo escolher qual opção ficar, kkkk.

Beijinho e fica com Deus.
[Ah, sim... Deus sim. Só ele mesmo com a paciência "deusal" pra aguentar figuras como você, que ainda fica com ódio dEle, e eu]

Alguem por ai disse...

Também não contrai o HIV rezando, mas trepando com um cara sem camisinha. Você realmente acha que AIDS é coisa de homossexual promíscuo? Se desprenda da década de 80 amigo, esse estigma só faz mal ao movimento gay e todos nós... ou se quiser continuar pensando é um direito seu, mas por favor, sem julgamentos! Vc pode fuder com seis, e se prevenir da mesma forma. Você deve a favor a pergunta ”você é gay?” na hora de doar sangue. Que lástima!
Conversei com minha médica sobre o uso do álcool e ela falou não tem nenhum problema de forma controlada e quanto a vida que levo... também como você penso em algo sério, mas não me privarei de sexo casual enquanto não aparece. Fico feliz por saber que você encarou tudo isso bem e que não pensou em se matar hora nenhuma. Isso de fato passou várias vezes e em vários momentos pela minha cabeça e acredito que passa na de muitas pessoas que recebem esse resultado. E sinceramente não acho que seja fricote. Inclusive gostaria muito que fosse. Concordo que mudanças de comportamentos são necessárias e já tenho adotado algumas como boa alimentação e o próximo passo será exercício físico.

“... ela não me fez prometer não contrair o HIV, mas confesso que eu senti um puta de um sentimento de culpa na hora...
Por ela, por meus amigos, por outros familiares e por mim também.”
Isso que você chama de fricote?? Você foi muito infeliz e insensível com a utilização dessa palavra.
Quanto às ofensas no final do seu texto... não acho digno de resposta. Fica a dica: aprenda a respeitar um pouco os sentimentos de pessoas que não apresentam a mesma habilidade que você teve.

Anônimo disse...

Então...

Eu sou o mesmo anônimo do post anterior...

Vamos ponderar algumas coisas q o Madaleno colocou aqui...

Concordo que o risco de ser chifrado, ou agredido é realmente menos pior que o risco de pegar HIV. E concordaria completamente com o Madaleno se a discussão fosse sobre fazer sem preservativo com alguém tendo HIV.... Bem, nesse caso acho que o outro tem realmente q tah ciente pra saber se vale o risco... Mas com preservativo, existindo a medida profilática... Devo dizer que acredito correr mais risco na beira da praia do que quem transa com o blogueiro entre 4 paredes. Como ele mesmo disse camisinha só estourou uma única vez numa vida sexual muitíííssimo movimentada... Caso ocorra... Bem.. Temos profilaxia, certo?????

Mas Tb foi como eu disse acima, depende muito da natureza da relação q vc tem. De fato com o que vc procura talvez seja realmente melhor falar, o que eu não concordo é fazer disso uma obrigação ética. Dependendo do momento em que vc esteja, da pessoa, da circunstancia em que conheceu, vc julga e fala se achar q deve... Eu acho que falaria o quanto antes... Por medo da rejeição ou ainda por acreditar ser uma dimensão muito grande da minha vida pra que alguém com quem tenho um contato tão íntimo não tome conhecimento... Mas isso sou eu, cada um sabe de si...

Não acho que a vida tenha fórmula, vc tah encarando de uma forma, o blogueiro de outra e cada um sabe do calo do seu sapato. O que não suporto é o discurso de “eu sou a verdade e a vida, quem não segue meus passos é feio e antiético.’.

Vcs dois são ótimos exemplos do quão diversa podem ser as reações, dentro da própria semelhança. Ambos homossexuais, soropositivos, se assumem promíscuos, ambos são responsáveis em não ter a intenção de contaminar ng deliberadamente... Madaleno deixa claro que se contaminou no exercício da sua promiscuidade... O blogueiro sempre foi impecável, foi punido pelo azar. Um entende sua responsabilidade na contaminação e não se revolta contra Deus... O outro teve um descuido tão pequeno que se sente injustiçado.... Um acredita ter que adotar um outro estilo de vida daqui pra frente por que via sua vida anterior como irresponsável. O outro não observa pk sempre foi de fato, muito responsável, mesmo com uma vida sexual agitada.

Não acho que se trata de “ou toma vergonha na cara ou morre” no sentido que acredito que o Madaleno colocou. Existem cuidados a serem tomados com sua saúde, fato. Todavia me refiro aos cuidados que realmente são necessário, não precisa vir com mais uma meia dúzia de paranóias que existem em função a uma culpa católica ou moralismo tosco. Talvez Madaleno inclua alguns hábitos como sinônimo de descuido por nunca te-los vivido com moderação e responsabilidade... Mas sim, isso é possível...

Amigo disse...

Nossa! As coisas esquentaram nesse blog. O anônimo veio pra ficar e espero que Madaleno também. O debate está ótimo, tanto que vou até fazer uns pequenos comentários.
Madaleno, fiquei admirado com sua história e força para lidar com o fato de ser soropositivo, acho que eu não seria tão hábil. Fiz muitas coisas que poderiam ter me levado a ser, mas por pura sorte eu não sou.
Tenho aprendido muito com Ninguém por aí. A vida dele não tem sido um mar de rosas, pelo pouco que acompanhei. É fácil julgar e zombar do que desconhecemos. Cada pessoa lida com os problemas a sua maneira. Não desmereça os esforços alheios. Não faça comparações, pois somos seres complexos. A diferença no pensar e agir é o que enriquece a nossa espécie. Viva a diversidade.
Espero que continue com a gente nesse debate, pois a sua experiência pode enriquecer isso aqui. Tenho aprendido com esse blog.
Quanto ao post, eu digo que não contaria. Como soronegativo eu afirmo que uma informação dessa numa transa casual é tão desnecessária quanto saber o nome da avó do meu parceiro.

Anônimo disse...

Amiga diz...

Nossa ficou mt animado e polêmico isso aqui mesmo.
Achei interessante a postura do anônimo e respeito a opinião dele.
Por outro lado sei bem do que o autor desse blog esta passando e a ultima coisa que podemos falar é que é "frescura" como foi colocado pelo madaleno nos comentários. como amigo e o anônimo disseram: Cada um reage ao diagnóstico de maneira diferente e é com toda certeza do mundo difícil para todos, independente das decisões que toma. dessa forma é importante respeitar as pessoas, suas dificuldades e até seus dramas. E é para isso que acredito q esse blog foi criado, para que o autor pudesse expor suas angústias, medos,ansiedades e crises frente a recente descoberta de sua doença e com isso expressar que ele tem sim o direito de ter as emoções que necessitar ter. E é óbvio que qq ser humano tem seus altos e baixos, principalmente vivenciando esse momento difícil para ele. quando diz: "quero morrer" ou outra frase do tipo, não significa que não quer se cuidar ou que prefere morrer com "cara de hiv" como colocou o madaleno. Na vdd, expressa seus sentimentos que vivencia profundamente diante de sua doença. E não é papel nosso (leitores e nem mesmo amigos, como é o meu caso) julgarmos, e sim compreendê-lo. E acho interessante a forma bem pessoal com a qual o blogueiro escreve, pois tem se comunicado sem reservas, o que provavelmente, em algum momento facilitará o processo de uma outra pessoa que por um acaso leia esse blog e se sinta acolhido por estar vivenciando algo parecido com o que o blogueiro vivencia nesse momento.

Alguem por ai disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alguem por ai disse...

Amigos, muito obrigado pelo apoio e força! Sem vocês seria tudo muito mais difícil. Certamente chegará um dia em que essas dúvidas e questões ficarão na história. Amo muito vocês! Muito obrigado por existirem e fazerem parte de minha vida todos esses anos e ainda por muitos outros!!

Anônimo disse...

Querido, a verdade deve prevalecer. Acho o artigo deste blog muito bacana. Vale a pena ler:
http://kikoriaze.com/2010/05/07/hiv-positivo-x-negativo-uma-uniao-possivel/

Alguem por ai disse...

Muito bom o texto!!! Parabéns pela indicação!

Fernando (kiko--22@hotmail.com disse...

Desculpem-me, mas não tenho know-how e conhecimento de causa para comentar profundamente sobre tais assuntos. No entanto, gostaria de deixar uma idéia do que eu penso em minha "breve" vida:
Assim como não gostamos de ser julgado pela nossa sexualidade, não temos direito de julgar outras pessoas, seja qual for o percalço que ela passa. Tendo esta linha de pensamento, concluo com duas únicas perguntas: O que você faria se fosse a outra pessoa (o outro lado)? Gostaria que contassem pra você?
Sinceramente, não me interesso pela resposta de ninguém. Mas faço um "atento" apenas por esquecermos de nos por no lugar do outro.
Você acreditando que não tenha problema, viva e respeite o limite do outro. A vida é muito curta para ficarmos julgando os atos dos outros ou OS QUE DE NENHUMA MANEIRA NOS CORRESPONDEM...

Mais uma vez, desculpe-me pela intromissão e não sei se já lhe foi perguntado ou dito no blog, mas gostaria de saber se quando lhe foi transmitido o teu parceiro lhe contou? Se sim, o que você sentiu depois?
Espero que eu não esteja sendo desagradável com minhas colocações.

Cheguei a este Blog por meio dos outros blogs de amigos. Incrível a amizade de vocês todos...
E parabéns pela coragem de ser expor, não a sua identidade, mas os teus sentimentos, que por vezes é mais difíicil.

Abraços,

Alguem por ai disse...

Prezado Fernando,
Obrigado pelo comentário e bem vindo ao meu espaço virtual.
Talvez na época em que escrevi esse post tenha me faltado clareza em alguns pontos. O fato de não contar não significa que devo expor qualquer pessoa ao risco de contaminação sem que a mesma tome ciência (as formas de contaminação pelo vírus HIV podem ser encontradas no site do Ministério da Saúde, com link na parte superior deste blog). Concordo com a máxima:
“Assim como não gostamos de ser julgado pela nossa sexualidade, não temos direito de julgar outras pessoas, seja qual for o percalço que ela passa.”
Tentarei responder suas perguntas expondo meu ponto de vista.
1) Quando lhe foi transmitido o teu parceiro lhe contou? Se sim, o que você sentiu depois?
R: Não. Mas tenho uma suspeita já que nos últimos anos apenas transei sem camisinha com uma única pessoa. Acreditando na possibilidade inversa (eu ter contaminado o mesmo sem saber da minha contaminação), avisei a ele de forma anônima logo que descobri que eu era portador de HIV.

2) O que você faria se fosse a outra pessoa (o outro lado)? Gostaria que contassem pra você?
R: Pessoa soropositiva ou não sempre foi indiferente para mim na hora do sexo e continua sendo. Isso nunca me preocupou pois sempre creditei na camisinha a confiança que deve ser depositada. Caso a camisinha estourasse eu gostaria que me contassem, pois assim eu poderia tomar a profilaxia (coquetel durante um mês) e evitar a contaminação.

Somente conto minha soropositividade para pessoas que me transmitem confiança, isso me é garantido pela legislação brasileira, que também pode ser encontrada no site do Ministério da Saúde. Certamente nunca esconderia de um namorado, mesmo porque eu apenas namoraria alguém em que eu confiasse. Em todos os casos, sem nenhuma exceção, eu contaria para meu parceiro sexual caso acontecesse um acidente (como por exemplo a camisinha romper, vale ressaltar que as formas de contaminação pelo vírus HIV podem ser encontradas no site do Ministério da Saúde, com link na parte superior deste blog), pois assim a pessoa poderia evitar a contaminação. Esse é o único caso em que eu contaria mesmo se não confiasse na pessoa. Se eu não expor a pessoa ao risco real de contaminação não contaria.
A camisinha é uma responsabilidade que tenho pro resto da minha vida. Mas vale lembrar a todos leitores que é sempre uma responsabilidade compartilhada. Se me contaminei transando sem camisinha também tenho minha parcela de culpa. Obviamente isso tem vários pesos diferentes dependendo de cada caso. Alguns casos a transmissão foi proposital (isso é crime e dá cadeia), outros a pessoa transmitiu sem saber, outros transmitem ainda sem saber também. Cabe a cada um decidir pelo uso da mesma e arcar com as conseqüências de seus atos (como estou arcando), e cabe a todo soropositivo usar camisinha em todas as relações sexuais, e em caso de acidente avisar ao parceiro sexual para que o mesmo faça a profilaxia.
Em caso de acidente basta procurar qualquer posto distribuidor de medicação anti-hiv, explicar a situação e seguir as orientações médicas. Esse procedimento é adotado também em acidentes hospitalares. Eu sabia dessa possibilidade quando me expus ao risco e não adotei as medidas que deveria.
Mais uma vez obrigado por participar desse debate e fique a vontade com qualquer pergunta caso minha opinião não tenha ficado clara.

Um abraço,

Fernando (kiko--22@hotmail.com) disse...

Caro rapaz,

Não sei quanto sensível você é por este fato, mesmo assim, peço desculpas caso tenha lhe ofendido com minhas perguntas.
Eu realmente não estava esperando respostas, até porque são bem pessoais! Mas as minhas indagações foram apenas postadas para reflexão. INDEPENDENTE do que você acredita, não seria eu a tentar lhe convencer o contrário!
Enfatizei meu comentário porque sempre estamos mudando de opiniões e aprendendo mais com a vida, e o que nos faz crescer são as perguntas.
Obrigado por expor sobre as informações do vírus, pois, mesmo estando a par, sempre é bom reforçar.
Mais uma vez parabéns pelo excelente Blog e a aparente evolução pessoal.
Grande abraço,

Alguem por ai disse...

Olá Fernando,

Quando criei esse blog sabia que era uma forma de expor minhas opiniões e promover um debate acerca do que passo. Isso, de alguma forma, me ajuda a elaborar e pensar algumas questões diante de novos acontecimentos. Acho que posicionamentos divergentes e bem fundamentados ampliam esse debate e como você falou nos faz crescer. Você me motivou a escrever um segundo post sobre esse tema, baseado em seu comentário, e só tenho que lhe agradecer por isso. Mais uma vez bem vindo e esteja sempre a vontade para comentar, concordando, discordando ou de qualquer outra forma apresentando sua opinião. Um abraço!

Homem, Homossexual e Pai disse...

acho que foi uma troca de mensagens, de depoimentos,bem instrutiva, eu, que não estou nesta situação pude aprender muito, mas tb pude perceber o quanto o assunto ainda é polêmico e de de certa forma faz gente sofrer. Abs

beatriz disse...

sou soropositiva á oito anos,tomo coquetel á três ,não contraí rezando,não contaminei ninguem,inclusive tenho um relacionamento tb á tres anos ,ele sabe desde o início,por opção não quis usar preservativo,e até hoje estamos muito bem de saúde,nunca tive nenhuma gripe,nem efeito colateral dos remédios,continuo linda e maravilhosa.passei por todos os estágios,qd contei pras minhas filhas,parece q tirei um peso,e ta tudo tranquilo.temos um relacionamento aberto,qd saio com outra pessoa,eu que exijo q use proteção,pra q eu não pegue mais nada de brinde.e muitos homens (sou hetero)não querem se proteger,pensam ser bobagem,pq passaria no beijo ou no sexo oral.e ai eu tenho q exigir,e cuidar pro vivente não tirar sem eu ver,coisa q ja aconteceu.....enfim...existe vida depois da descoberta,trabalho,estudo,tenho sonhos e planos,não vou ser escrava do hiv,e não conto mesmo,esta implícito q tem q se proteger.

Fabrício Oliveira disse...

Wow! Que discussão rica! Acho que o contar ou não varia de caso a caso (nos dois sentidos) e concordo que em relações casuais não devem ser uma obrigação ética. Até porque há muita ignorância a respeito da doença e da segurança oferecida pela camisinha. Eu mesmo já vivenciei o outro lado e na ocasião não tive coragem de continuar me relacionando com o soropositivo. Hoje quando transo com alguém depois de contar vejo como eu era ignorante a respeito e sinto vergonha daquela rejeição. Acredito que principalmente por desinformação contar logo de início para qualquer pessoa causaria rejeição e submeteria o soropositivo a situações bastante deprimentes.

Anônimo disse...

Estou vivendo um caso complicado sou soropositiva a dois anos e estou começando uma relação casual
Sofro todos os dias porque tenho q contar mais ao mesmo tempo tenho medo porque já tentei contar mais a sua reação foi a pior possivel. Já tentei terminar por várias vezes mais ele sempre quer voltar e eu gosto dele mais tenho medo de um dia ele descobrir querer fazer uma besteira comigo pelo fato da ignorância. Já q quando descobri eu era casada a um ano e meu ex marido não temesmo transando sem camisinha me ajudem estou desesperada

Unknown disse...

Olá, eu sou o autor do blog. Vamos bater um papo sobre essa situação? Sempre é muito difícil saber o momento certo de contar e isso exige muito cuidado sempre. Em todas as vezes em que eu contei eu comecei dando livros, filmes e artes sobre o tema para ir aos poucos sensibilizando ele na hora de contar. Você consegue encontrar vários vídeos no YouTube que podem ajudar um pouco nesse processo. O ideal é que, se sua escolha for contar, seja em um local público de modo que ele não reaja com agressão. Pode ser um shopping ou algum lugar seguro. Avise também a algummamigo próximo que possa estar por perto para te dar apoio nesse processo caso seja necessário.

Vamos conversar melhor? Meu e-mail é osegundoarmario@gmail.com