O que falar quando a palavra é
calada pelo sentimento de opressão profundamente silenciado pela falsa
aparência de que se está tudo bem. E se estivesse realmente tudo bem? Qual o
problema de ficar confortável com o que se é? Por que tem que estar sempre a
beira de transformações trans-seuntes? Talvez por ser isso-eu-superego, diria
Freud.
Algumas perguntas não tem uma
resposta muito fácil, especialmente quando se está a beira de uma caótica
vivência em que tudo, absolutamente tudo transforma, transgrita, transcende o
tempo todo.
Não existe um caminho único de
viver e sentir o que ocorre. Ao escrever não sei exatamente o que ocorre. Sinto
profunda sensação de apatia. Talvez tenha sido a defesa possível diante de
tudo.
A resistência é movimento.
Paralisia é fraqueza. Não é a toa que as mobilizações sociais transcorrem em
movimentos – movimento em resposta ao HIV, movimento negro, movimento em defesa
das mulheres, movimento trans, movimento feminista. O conservador paraliza. É
hora de fluir, com o que se é, com o que se tem. Não há tempo para ficar
deitado conservando o que não nos serve mais. Não se pode mais perder
oportunidades de compartilhar energias, sentimentos e pensamentos. Não há
economia que se sustente em auto-bloqueios.
Fluir impera e isso remete a
entrar em contato com o que se é, com o outro, com a vida, com os
acontecimentos e com o que se vive socialmente por mais doloroso que seja. Não
há tempo para defesas psi. O universo clama. Não há pílula mágica para o que
ocorre. Sabemos o não saber. As pessoas
estão morrendo, florestas estão sendo queimadas, dores de todas as formas
emergindo. Os controladores estão soltos e com eles todas as artimanhas de
manipulação de mentes. Mas estão em outro tempo. Será o último de seus gritos.
Não passarão!
Ouvi por aí que não se prende uma ideia. Existe uma
multidão de sementes nas cabeças progressistas, amorosas, que trazem uma
potência gritante para um novo que nasce. Ouvi por aí que semelhantes curam semelhantes. Somos o que somos.
Esse é um não texto. Junção de
palavras que não queriam ser ditas mas não cabem mais serem guardadas. É uma
tentativa de fluir. Não desperdice sua energia sexual! Flua. Conecte-se com
seus arrepios.