Acordei, tomei café com minha família, um pouco de papo e peguei a bicicleta. Sabe aquela Caloi Barra Forte - a preferida dos idosos (e também a minha).
Pedalei pelas principais ruas da cidade que nasci. Exercitar faz bem a saúde. Observei as pobrezas que gritavam em suas diversas formas de manifestação ao meu redor. Percebi uma espécie de escravidão legalizada. Negros em carroças com animais, animais em carroça com brancos pobres, mendigos caminhando pelas calçadas.
Pedalando percebi que não quero esquecer nunca minha raiz. Felizmente tive a sorte de não ser afetado pela pobreza centenária de milhares de conterrâneos. Engolidos pela liberdade que os escravizam ainda mais. Princesa Izabel não passou por aqui.
Olhei para o céu... sempre achei lindo o céu de minha cidade. Talvez uma espécie de refúgio inconsciente... só “Ele” mesmo pode dar conta. Fiações e fios embolados compunham o cenário visto entre meu olho e o céu.
Pedalando vi que os escravos se multiplicavam. Crianças nas creches, sabe lá em que condições, as visíveis pareciam demarcar o futuro de cada uma. Haja resiliência e superação para que entre elas exista um Luis Inácio.
Passei por escola de importância nacional, curiosamente um carroceiro adolescente parado na porta. O que será que ele estava fazendo ali? Estudando? Minha inocência não é mais a mesma. Trabalhando pros “Barões e Baronesas” que ali adquiriam conhecimento.
Pedalando vi que minha raiz está podre; apenas mais uma cidade sulamericana que não é cartão postal do Brasil. Pedalando... pedalando... pedalando.
6 comentários:
que saudade da minha bicicleta...
Pedaaaaaaaala, Robinho...
Adoro pedalar! Quase nada te traz uma sensação tão grande quanto isso! ^^
Poético o senhor hoje não?
Eu adoro pedalar... pena que minha bicicleta não concorda comigo, já que ela tenta me matar toda vez que pego nela hahaha.
Mas gosto de ir sempre para longe da civilização, justamente não não pensar...
Oloko, bike barra forte? Caraca, ela ainda existe? Que bacana, pelo menos aqui onde moro nem se vê mais essa raridade, porém bem no interior de SP ainda há muitas...
Me recordo que andei poucas vezes numa dessas, ela é bem pesada, acho que vem de fábrica sem marchas, enfim...
Pedalar é uma terapia, ainda mais em sua cidade, onde tu recorda de tudo, cada lugar deve ser uma recordação diferente...
Isso ae cara, aproveita as coisas simples da vida...
** Que música diferente, aliás, todas músicas postadas por ti são inéditas pra mim... Bacana
Forte abraço!
Eu já faço o contrário de vc. Quando pedalo, me volto para o mundo interior. Vivo apenas a sensação de pensar, ter o vento na cara e sentir o sangue correndo e pulsando em mim. É quando eu não tenho dúvidas de que estou vivo!!
Perceber o mundo externo, só mesmo se eu estiver caminhando, bem devagar e sozinho...
Abraços!!
Postar um comentário