Recanto Escuro

Após um fim de semana de visita a família, com todas as dificuldades relacionais que já se fazem freqüentes, busquei exercer minha paciência e tentar não discutir por coisas pequenas.

Fracassei.  Mais uma vez fui vítima de mim mesmo. Pequenas discussões tornaram amplos os meus momentos rotineiros de instabilidade no humor.

Nossa relação definitivamente não é das melhores, nem sei se algum dia será. Não consegui contornar minha insatisfação e tristeza diante de tudo, pelo contrário, só me senti mais angustiado o que intensificou meu aperto rotineiro no peito.

Fugi para casa da minha irmã, que hoje me ajuda a lidar com toda essa bomba que carrego em minha cabeça e meu sangue. Expliquei o maior medo que tenho detalhando o que sinto quando penso em lipodistrofia. Passaram-se alguns minutos quando minha mãe chegou no ambiente:

- Meu filho, acho que você emagreceu mesmo. Dá pra ver no seu rosto!

Imediatamente troquei olhares com minha irmã.
Foi terrível a sensação que tomou conta de mim. O aperto o peito se intensificou e não consegui mais olhar para ela.
Essa frase não saiu da minha cabeça. Em menos de um mês ela foi a segunda pessoa que falou neste assunto.  Logo que ela foi embora  me deitei no colo de minha irmã e só conseguia chorar.
Fica o desejo de sumir. Entrar num estágio de sono e só acordar quando alguém inventar a cura pra isso.
Tomei um ansiolítico que amenizou a pressão do meu peito. Cada vez mais sinto no espelho o meu maior inimigo e nas pessoas o meu maior medo.