"Prezada Sra. Dentista,
Escrevo referente a um
atendimento que você prestou a minha pessoa no dia ______ de__________ de 2011.
Não cabe a mim julgar sua competência técnica no âmbito da odontologia,
entretanto me sinto na obrigação de escrever essa carta visando atentar para o
tamanho sofrimento que vivenciei ao entrar no seu consultório.
Na época em que fiz a escolha
pelo seu consultório fui unicamente por indicação do livro do meu Plano
Odontológico. Como fui ingênuo! Lamentavelmente me deparei com grande
discriminação e preconceito de sua parte.
Para começar preenchi uma ficha
de cadastro de pacientes que fazia um breve, e realmente muito breve
levantamento acerca da minha condição de saúde. Dentre as poucas perguntas que
apresentava continha uma: Você tem HIV? Como se esse fosse o único problema que
pudesse acometer uma pessoa. Achei muito estranho.
Mas fui sincero ao responder que
sim no momento de preencher a ficha, na expectativa de buscar contribuir para
um atendimento que pudesse promover minha saúde bucal. Como resultado, fui
vítima de uma das piores e mais intensas formas de violência do ser humano: o
preconceito.
Demorei para me recompor após
aquela consulta. Nunca na minha vida jogaram água sanitária com sabão após eu
cuspir no aparato apropriado para essa função. O pior foi ouvir sua instrução para sua
auxiliar:
- Põe cloro e sabão na água.
O segundo momento ainda foi
pior... após utilizar um aparelho com espelho para analisar meu dente solicitou
a auxiliar para levar imediatamente para esterilização. Me senti muito mal por estar ali e saí de lá
entre lágrimas e demorei muito para me recompor. Este assunto foi recorrente na
minha terapia.
Escrevo com a intenção de abrir
seus olhos para essa questão e especialmente buscar colaborar para que você
quebre esses seus preconceitos. A existência de comportamentos como o que você
teve são pautados na ignorância que apenas ratificam sofrimento de pessoas que
como eu lamentavelmente são obrigadas a conviver, não apenas com o vírus, que
por si só já é um fardo tamanho, mas especialmente com pessoas que alimentam um
vírus ainda mais mortal e que faz com que milhares de pessoas sofram caladas,
se deprimam, tentem o suicídio, etc: o vírus do preconceito.
Todos sabemos da importância da
esterilização dos objetos de trabalho do dentista. Mas isso deve ser feito sem
deixar qualquer pessoa constrangida por qualquer motivo que seja.
Espero, com essa carta, colaborar
para que você rompa com seus estigmas e busque fazer um atendimento mais
igualitário, e que você esterilize sua alma, pois certamente ela pode provocar
infecções que não estão ao alcance da medicina, nem da odontologia e nem de
nenhuma ciência.
Meus sinceros votos de melhoras!
Atenciosamente,"
Contarei se houver resposta.
7 comentários:
Achei tua carta muito direta e educada.
Super fino no puxão de orelha.
Gato: será q não era válido tb reclamar no CRO?
Um grande abraço.
Muito válido. Dou meu apoio. E eu tb reclamaria no CRO!!!
Abraços.
Menino, excelente sugestão a do CRO. Vou ver se é possível fazer por e-mail. Obrigado pela dica.
sim, tem que reclamar sim. se ela não responder de pronto, mande uma segunda carta afirmando q vc vai fazer uma reclamação formal no conselho.
essa carta tinha que ser enviada pro conselho de odontologia.
Bom, eu achei muito legal da sua parte escrever essa carta a ela e de um tom muito educado.
Tente primeiro enviando apenas a carta a ela. Caso ela não se mostre receptiva ou não responda à altura, utilizando todo o respeito possível, aí sim eu acho que vc deveria procurar o CRO.
Abração!
Caralho.. Roendo as unhas pra saber a resposta...
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