domingo

O reencontro

Não esperava que fosse acontecer... mal começou 2012 e lá estava ele.

O primeiro e fatídico encontro com o culpado pela minha contaminação. Naquele momento achei que fosse matá-lo. Queria fazê-lo sentir cada dia, cada hora e cada minhuto de sofrimento que ele me causou por ter tirado a camisinha em nosso último e único encontro.

Na hora não pensei muito. Fui imediatamente controlado pelo ódio que me transformou num impulso destrutivo. Fui dominado por um ódio como até então nunca havia sentido.
Ele me devia algo. Ele tinha que pagar caro. Desde abril de 2011 meus dias não foram mais os mesmos. Tive que aprender a lidar com o HIV e nem ao menos tinha uma sensação de co-respoonsabilidade. A culpa era exclusivamente dele. Grande tolice. Como se a escolha de ficar com ele também não me pertencesse. Minha vontade era voar no percoço dele e ter respondida algumas das milhares de perguntas que circularam minha cabeça por todo esse tempo.
Lá estava ele com uma provavel nova vítima. O que fazer? Imediatamente fui ao seu encontro.
Estava numa festa gay, com amigos gays que, até então, não desconfiavam da minha soropositividade. Mas, obviamente, meus amigos perceberam que havia algo de errado comigo.
Cheguei para ele:
- Oi, qual seu nome?
- Marcos, prazer!
- Pois é Marcos, eu não lembro do seu nome mas lembro muito bem de você. Eu quero te falar pra tomar cuidado com o que você faz com as pessoas. Isso pode ser perigoso, principalmente pra você! (falei em tom de ameaça aguardando qualquer sorriso ou qualquer mínima provocação para porrar a cara dele).

Ele permaneceu em silêncio, e foi sentar. Como um leão que vigia sua presa estava eu ao seu lado. Não consegui mais me divertir. Fiquei o resto da noite ali.
Depois de um certo tempo chamei seu "ficante" para conversar mas ele não quis ouvir o que eu tinha a dizer e falei alto:

- Se a pessoa quer se meter em risco, eu não posso fazer nada. Cada um que arque com suas escolhas. Saí dalí e fui embora. Ainda dominado pelo ódio, mas não mais intenso como antes... eu já havia tirado um pouco do peso de dentro de mim.

Esse dia me rendeu uma situação ainda pior: dois dos meus amigos ficaram desconfiados e dias depois me perguntaram se eu tinha HIV. Me senti um pouco coagido, mas não quis negar e falei que sim.

Sabe, no final... foi bom. Pelo menos por enquanto.

6 comentários:

FOXX disse...

nossa, eu nem saberia como reagir nisso amigo.
que bom q vc voltou a escrever

Raphael Martins disse...

Cara, que situação complicada né. Força aí...

Alguem por ai disse...

Fox, meu lindo. Saudades de você. Muito feliz em ler seu comentário. Aos poucos vou voltando. Um beijão. Raphael, bem vindo! A casa é sua!

Uma Cara Comum disse...

Nossa! Forte isso aí, né??? Eu não sei do que seria capaz se estivesse no seu lugar...

Beijos!!

Alguem por ai disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alguem por ai disse...

Olá querido! Saudades de você! Foi tensa a parada mas sobrevivi. Apareça no msn... voltei. Bjs