Essa última semana foi bem agitada. Não trabalhei pois consegui uma folga no trabalho e emendei o feriadão. Fiquei em casa toda a semana. Recebi amigos de fora que vieram para o feriado e foi muito divertido. É claro que viver escondendo esse fato ainda me deixa um pouco mal, como se eu estivesse que ter uma outra vida paralela, como se eu não fosse um só.
Me pego pensando como seria a reação de alguns desses amigos. Será que alguém deixaria de me abraçar?! De me beijar?
A situação fica mais difícil quando entre muitos papos surge um assunto: HIV. Descobrimos que um amigo em comum faria um ano de falecimento após uma pneumonia; com fortes suspeitas de HIV. Conversamos sobre esse amigo... nessas horas sempre me dá vontade de falar e jogar a merda no ventilador. Mas não fiz. E foi melhor assim. A máxima de meu amigo foi dizer que muitos pegam HIV em função da vida que levam, de promiscuidade, putaria, etc. Lembrei no ato da médica e comecei a defender os ”promíscuos”. Confesso que nesse momento fiquei mal, mas tentei disfarçar. Acho que até consegui, dentro dos meus limites.
Durante essa semana de férias eu bebi muito e ainda não procurei minha médica para falar do resultado do primeiro exame de contagem de cd4. Vou tentar ligar pra ela novamente, já que não consegui falar na primeira tentativa.
Fico pensando sobre essas minhas vias de enfrentamento da doença. É claro que o cigarro, a maconha e o álcool são formas de enfrentar a situação, mas são formas também destrutivas. Não tenho tido muito ânimo para fazer outras coisas. Vejo que minha vida tem ficado sem graça. Milhões de coisas passam na minha cabeça. Pior que tudo isso parece grande pesadelo. Eu queria muita acordar e perceber que tudo isso foi um grande sonho ruim. Queria passar pelo menos um dia da minha vida sem lembrar dessa condição. Queria olhar no meu espelho sem procurar sinais de lipodistrofia. Acho que está aparecendo um sinal, mas pode não ser nada.
Tenho medo do que virá. O que vai ser daqui pra frente. Futuro é uma palavra que muito me assusta. To cansado de ver amigos julgando soropositivos. To cansado de me sentir mal ouvindo e lendo a palavra HIV/AIDS. To cansado dos meus pensamentos. Sinto muita falta do meu passado, época em que nada disso era preocupação.
Um comentário:
Nossa! Do outro post pra esse, quanta diferença! Encara os problemas nunca é fácil, mas é o melhor caminho.
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